Religião

Autobiografia do papa Francisco é um relato pessoal de sua vida com senso de humor

Autobiografia do papa Francisco é um relato pessoal de sua vida com senso de humor
Publicado em 16/01/2025 às 9:43

Esperança, a primeira autobiografia do papa Francisco, chegou na terça-feira (14) às livrarias da Itália e estará à venda a partir de hoje (16) em mais de 100 países.

Essa é a primeira vez na história que um papa narra em primeira pessoa os episódios que marcaram sua vida.

A obra, de 400 páginas, publicada pela editora Plaza & Janés (Penguin Livros), é resultado de seis anos de trabalho e foi escrita com a colaboração do jornalista Carlos Musso, que ajudou o papa a narrar sua história, desde sua infância na Argentina no seio de uma família de imigrantes italianos até se tornar o sucessor de São Pedro.

Livro de memórias autobiográfico do papa Francisco, com o título “Esperança”. Penguin Random House
Livro de memórias autobiográfico do papa Francisco, com o título “Esperança”. Penguin Random House

Além de suas memórias, Francisco fala sobre outras questões como guerra, paz, migração, crise ambiental, política social, sexualidade e o futuro da Igreja. Tudo isto, sob a marca da esperança, termo escolhido em sintonia com o Jubileu celebrado este ano por ocasião do 2025º aniversário do nascimento de Cristo.

Segundo o papa Francisco em uma entrevista recente, o livro estava programado para ser publicado depois de sua morte.

“Mas como eu não morro (risos), eles têm medo de que perca relevância e decidiram fazê-lo agora”, disse o papa em dezembro do ano passado à jornalista argentina Bernarda Llorente.

Francisco, segundo trechos divulgados pela editora, inicia suas memórias com um episódio que marcou seu destino. É o naufrágio do transatlântico Principessa Mafalda, conhecido como o Titanic italiano.

Seus avós, junto com seu pai Mario, compraram as passagens para viajar no navio que partiu de Gênova, Itália, em 11 de outubro de 1927 para Buenos Aires, capital da Argentina. No entanto, no final, eles não embarcaram porque não conseguiram vender seus pertences a tempo.

“É por isso que estou aqui agora, você não pode imaginar quantas vezes agradeci à Divina Providência”, diz o papa Francisco em sua autobiografia.

O papa fala também no livro sobre as memórias de sua infância no “número 531 da rua Membrillar” no bairro argentino de Flores, e as amizades que fez lá, inclusive com uma prostituta conhecida como “La Parota“, que decidiu mudar de vida e deixar as ruas para cuidar de idosos.

“Ironia saudável” como remédio contra o narcisismo

Francisco dedica grande parte de sua autobiografia para refletir sobre o valor do senso de humor para lidar com a tristeza e a “ironia saudável” como remédio contra o narcisismo.

“A ironia é remédio, não só para elevar e iluminar os outros, mas também para si mesmo, porque a autoironia é uma ferramenta poderosa para superar a tentação do narcisismo. Os narcisistas continuamente se olham no espelho, se pintam, se observam repetidamente, mas o melhor conselho na frente de um espelho é sempre rir de si mesmo. Isso nos fará bem”, diz o papa Francisco no livro.

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Ao longo das páginas do livro, os leitores poderão encontrar algumas piadas contadas pelo papa. O jornal italiano Avvenire divulgou uma delas, que envolve o próprio papa Francisco:

Assim que chega ao aeroporto de Nova York para sua viagem apostólica nos EUA, o papa Francisco encontra uma enorme limusine esperando por ele. Ele fica um tanto envergonhado por aquele esplendor magnífico, mas então pensa que já faz séculos desde a última vez que dirigiu, e nunca um veículo daquele tipo, e pensa consigo mesmo: OK, quando terei outra chance? Ele olha para a limusine e diz ao motorista: “Você não poderia me deixar experimentá-la, poderia?”

“Olha, eu realmente sinto muito, Sua Santidade”, diz o motorista, “mas eu realmente não posso, existem regras e regulamentos”.

Mas você sabe o que dizem, como o papa é quando ele coloca algo na cabeça… ou seja, ele insiste e insiste, até que o motorista desiste. Então o papa Francisco se senta ao volante, em uma dessas enormes rodovias, e ele começa a gostar, pisa fundo no acelerador, indo a 50 quilômetros por hora, 80, 120… até que ele ouve uma sirene, e um carro de polícia encosta ao lado dele e o para. Um jovem policial se aproxima da janela escura. O papa a abaixa um tanto nervosamente e o policial fica pálido.

“Com licença um momento”, diz o policial, e volta para seu veículo para ligar para a delegacia.

“Chefe, acho que tenho um problema”.

“Qual é o problema?”, pergunta o chefe.

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Bem, eu parei um carro por excesso de velocidade, mas tem um cara lá que é muito importante”.

“Quão importante? Ele é o prefeito?”

“Não, não, chefe… mais do que o prefeito”.

“E mais do que o prefeito, quem é? O governador?”

“Não, não, mais…”

“Mas ele não pode ser o presidente?”

“Mais, eu acho…”

“E quem pode ser mais importante que o presidente?”

“Olha, chefe, eu não sei exatamente quem ele é, tudo o que posso te dizer é que é o papa que está dirigindo o carro dele!”

ITARARÉ