Religião

Dom Orani convida a seguir testemunho de esperança de são Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro

Dom Orani convida a seguir testemunho de esperança de são Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro
Publicado em 20/01/2025 às 23:30

Mesmo “com as flechadas”, são Sebastião “continuou dando razões da sua esperança, não perdeu a esperança e continuou testemunhando o Senhor Jesus Cristo”, disse o arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), cardeal Orani Tempesta em missa no santuário basílica São Sebastião, na capital fluminense. “Este é o nosso padroeiro, são Sebastião, que do século terceiro traz esse exemplo e até hoje ecoa no século XXI o seu exemplo, a sua vida e, ao mesmo tempo, o seu testemunho”, acrescentou.

São Sebastião nasceu no século III, em Narbonne, em uma família nobre. Foi batizado e sempre zelou por seu batismo e o de seus irmãos. Tornou-se soldado e chegou a ser capitão da Guarda do Palácio Imperial em Roma. Era respeitado por todos e apreciado pelo imperador Diocleciano, que desconhecia o fato de que ele era cristão.

Como bom cristão, exercitava o apostolado entre seus companheiros, visitava e consolava os cristãos presos por causa de Cristo. Certo dia, foi denunciado ao imperador, que o obrigou a escolher entre ser seu soldado ou seguir Jesus Cristo. O santo não renunciou sua fé e foi condenado a morte por flechadas. Mas, resistiu à chuva de flechas lançadas sobre ele e, depois de ser cuidado por uma mulher, ficou restabelecido.

Sebastião voltou diante do imperador e o repreendeu por perseguir os cristãos. Foi novamente condenado à morte, açoitado. Dessa vez não resistiu e morreu por volta do ano 300.

A relação de são Sebastião com o Rio de Janeiro remonta à fundação da cidade, em 1º de março de 1565. Estácio de Sá resolveu homenagear o então rei de Portugal, dom Sebastião, e deu o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro à cidade que fundou. Na época, a região estava ocupada por franceses, que só foram expulsos dois anos depois, em 20 de janeiro de 1567, dia de são Sebastião. O santo teria sido visto ao lado dos portugueses durante batalha. Nesse mesmo dia, Estácio de Sá foi ferido com flecha indígena envenenada e morreu um mês depois.

Atualmente, o santuário basílica de São Sebastião, no bairro Tijuca, guarda as “Relíquias Históricas da Cidade”: os restos mortais do fundador do Rio de Janeiro, Estácio de Sá; o marco zero da cidade; e a pequena imagem de São Sebastião de 1563, que teria sido trazida de Portugal por Estácio de Sá.

“São 460 anos [desde] quando o Estácio Sá trouxe essa imagem da nossa esquerda à direita de vocês, quando fundou a cidade de São Sebastião na região chamada Rio de Janeiro e que, até hoje, é um sinal para todos nós daquilo que nós espelhamos em nossa vida e chama a nossa atenção: coragem, ânimo, não desanimar”, disse dom Orani.

O arcebispo recordou que a Igreja vive o Jubileu da Esperança, proclamado pelo papa Francisco com a bula Spes non confundit (A Esperança não Decepciona). Segundo ele, “nós somos chamados, diante também daquilo que são Sebastião representa para nós enquanto coragem e testemunho” a ser testemunhas da esperança, “que é Jesus Cristo”.

“No mundo de hoje, onde a cultura da morte vai cada vez mais se infiltrando na sociedade, não deixando as crianças nascerem, a eutanásia escapando pelo mundo afora, a questão da divisão entre as pessoas, o não-diálogo entre as pessoas, mesmo na família, a inimizade contra os outros, tantas questões que existem de divisão, o cristão é chamado a ser aquele que vive a sua fé e a sua esperança em Cristo”, disse o arcebispo.

Para dom Orani, “hoje em dia, em um mundo cheio de tantas divisões e tantas dificuldades e tantas mortes”, o cristão deve “poder proclamar a cultura da vida, poder anunciar que é possível conviver uns com os outros na diferença que existe sem perder a fé”. “Pelo contrário”, que possa dar “todas as razões do porquê nós cremos e como é nós cremos”.

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Segundo dom Orani, o Ano Santo é ocasião para ser peregrinos da esperança e, para isso, “somos chamados a viver cada vez mais a nossa esperança”. Por isso, “o tempo do Jubileu é o tempo de recomeço” e não se deve “deixar passar em vão esse tempo propício, essa oportunidade de renovação da nossa vida, da nossa vida batismal”.

Confissões e indulgência

A festa de são Sebastião no santuário basílica no Rio de Janeiro começou às 5h e durante o dia serão 14 missas, até às 19h. Às16h, haverá uma procissão até a catedral metropolitana, no centro da cidade. Também durante todo o dia, os frades capuchinhos estão atendendo confissões no santuário. Trata-se, destacou dom Orani ao final da missa das 9h, de uma oportunidade para lucrar indulgência plenária por ocasião do Jubileu da Esperança.

“Para lucrar a indulgência, supõe uma ação, no caso do jubileu, ir a uma igreja jubilar, ou a uma das portas santas em Roma […], tendo confessado, têm os frades confessando aqui, comungado, acabamos de participar da missa, e rezar na intenção do Santo Padre o Credo, o Pai Nosso e a Ave Maria”, disse dom Orani. O santuário basílica de São Sebastião é uma das 21 igrejas jubilares da arquidiocese do Rio de Janeiro.

“Dessa forma lucramos a indulgência plenária todos os dias desse Ano Santo, atribuída a nós uma vez por dia, ou aos irmãos falecidos uma vez por dia”, acrescentou.

Dom Orani ressaltou que “a indulgência plenária é a remissão das penas temporais devidas pelos pecados perdoados”. “Nós somos perdoados quando confessamos, somos lavados no sangue de Cristo, mas tem as consequências, aquele mal que nós praticamos. Por mais que nós tenhamos nos arrependido e tentado consertar o mal que nós fizemos, ele continua tendo repercussões de diversas formas que fogem da nossa possibilidade de consertar, só o purgatório ou as indulgências podem fazê-lo”, disse.

Ser missionários

Dom Orani destacou ainda no final da missa que a arquidiocese do Rio de Janeiro também vive o segundo sínodo arquidiocesano, “quem tem o tema das missões”. “Que nós possamos também renovar nossa vida, nossa missionariedade. No tempo de dessacralização, descristianização, crise de fé e também dos desigrejados que aumentaram muito em nossa cidade, eis o nosso tempo de evangelização, de missão permanente”, disse.

O arcebispo disse gostaria que esse período “fosse um tempo de grande reavivamento, de grande participação e grande mudança no coração de cada um de nós” e, para isso, uma sugestão é “a reativação ou a multiplicação dos círculos bíblicos”. “Não precisa de igreja e oratório, basta uma casa, uma sala, uma garagem, para se encontrar, escutar, pedir a ação do Espírito Santo, ler o texto da Palavra de Deus, meditá-lo, rezar sobre Ele, depois ir às consequências práticas em nossa vida e cumprir, sempre em unidade com o pároco, com as orientações do pároco, essa multiplicação dos ciclos bíblicos em toda a nossa arquidiocese”, disse.

Segundo dom Orani, “reclamamos da violência, da falta de segurança, dos problemas que têm”. Mas, “além de exigir das autoridades”, é preciso “também plantar na Palavra de Deus, que transforma corações, que transforma as vidas, que transforma a sociedade”. “O Senhor que conduz a nossa vida, renova a nossa existência”, completou.

ITARARÉ