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FIIL é palco do lançamento do Polo de TIC de Londrina e Maringá | ASN Paraná
Unidas por uma aliança estratégica, as cidades de Londrina e Maringá, no norte e noroeste do Paraná, lançaram, nesta sexta-feira (6), durante o Café.Tec, dentro da programação do Festival Internacional de Inovação de Londrina (FIIL), no Parque de Exposições Governador Ney Braga, o Polo de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) de Londrina e Maringá, que vai unir empresas, entidades e instituições de ensino para fortalecer os ativos presentes nas duas regiões e fazer com que o setor conquiste relevância no mercado nacional e espaço internacionalmente.
No lançamento, o Sebrae/PR, em parceria com o APL de TIC de Londrina e Região e a Software By Maringá, apresentou o Relatório Executivo do Polo de TIC, que reúne dados sobre o setor nas duas cidades. A análise, realizada em setembro, foi segmentada em quatro áreas estratégicas, de suporte, desenvolvimento de software, serviços de TI e telecomunicações. O material revela que o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) – composto por 2.261 empresas em Londrina e 2.346 em Maringá – é um motor estratégico para o crescimento de ambas as cidades, que possuem alta concentração de empresas inovadoras e ambiente favorável à transformação digital.
Em Londrina, 33,08% (748) dos negócios de TIC atuam com serviços de suporte e, em Maringá, 32,35% (759) estão no mesmo segmento. A concentração reflete a capacidade conjunta das cidades em oferecer soluções técnicas, manutenção e assistência, demonstrando um ecossistema tecnológico que atende às crescentes demandas regionais e nacionais. Indica, ainda, que ambos os municípios estão bem preparados para sustentar o crescimento tecnológico futuro, apoiando o desenvolvimento de startups, pequenas e médias empresas, além de grandes corporações. A infraestrutura de suporte é essencial para garantir a estabilidade e a eficiência operacional de empresas que dependem de tecnologia, de acordo com o relatório.
O destaque no desenvolvimento de software – são 21,18% (479) das empresas de TIC de Londrina e 26,51% (622) de Maringá – também demonstra a capacidade que as duas cidades têm de atrair talentos qualificados e fomentar a criação de hubs de inovação e tecnologia. O levantamento aponta, ainda, que os serviços de TI são amplamente representados em Londrina (34,59%, ou 782) e Maringá (30,52% ou 716), o que reflete a maturidade do setor em atender às necessidades de gestão tecnológica e consultoria. A área de telecomunicações possui uma representatividade menor – 9,20% das empresas de Londrina (208) e 8,27% de Maringá (194) –, mas desempenha papel essencial no fortalecimento da infraestrutura de conectividade das cidades.
Os dados revelam que Londrina e Maringá são dois polos complementares no setor de TIC, cada qual com características únicas, mas com uma visão compartilhada de inovação e suporte tecnológico. O desenvolvimento conjunto dessas cidades, por meio da criação do Polo, deve impulsionar a economia digital local e posicionar o Paraná como referência no cenário tecnológico nacional, criando oportunidades de colaboração que beneficiam empresas e profissionais de todo o Estado. O fortalecimento de redes de colaboração entre os municípios também pode atrair investimentos externos, tanto de grandes corporações quanto de fundos de capital de risco que buscam novos mercados promissores no Brasil.
Norte e Noroeste
A consultora do Sebrae/PR, Danubia Milani, diz que o Polo, apesar de levar o nome de Londrina e Maringá, vai contemplar e beneficiar o conjunto de empresas de TIC localizadas no entorno das duas grandes cidades do norte e noroeste do Paraná. Ela lembra que as regiões possuem ativos importantes, como o Hub de Inteligência Artificial, Instituto Senai de Tecnologia e o próprio evento setorial ECO.TIC.NOVA, realizado em parceria entre os dois municípios.
“Dentro das duas regiões temos um polo forte. As empresas de TIC são muito representativas e estão reunidas há quase 20 anos em governanças, com o APL de TIC, em Londrina, e a Software By Maringá, em Maringá, para pensar o futuro. A ideia é que a formalização do Polo fortaleça todos esses ativos e impulsione o setor”, explica.
O diretor financeiro da Software By Maringá e presidente da Câmara Técnica de TIC do Conselho de Desenvolvimento Municipal de Maringá, Robinson Patroni, aponta que, apesar de serem referências em tecnologia no Paraná, Londrina e Maringá são pequenas quando comparadas com outras cidades do País. Desta forma, as iniciativas ficam “modestas” quando executadas individualmente.
“Unidas em um grande Polo de TIC, as cidades ganharão robustez e representatividade por meio da integração dos ativos, as ações serão referenciadas e ganharão visibilidade no cenário nacional. Como a tecnologia é uma atividade meio, todos os setores produtivos serão alavancados. Iremos atrair mais investimentos em inovação, que irão beneficiar as empresas daqui e de fora”, analisa Patroni.
A presidente do APL de TIC de Londrina e Região, Ana Paula Murakawa, esclarece que a diferença de um polo para um arranjo produtivo local é que este último reúne apenas empresas de TIC, já o primeiro agrega, também, toda a cadeia ligada ao setor, como ambientes de inovação e instituições de ensino superior, por exemplo. A união dos ativos das duas cidades, segundo Ana Paula, vai proporcionar a troca de conhecimento e inteligência e tornar mais exponencial o crescimento, gerando relevância no cenário nacional e potencial para acesso ao mercado internacional.
“A partir do movimento da Aliança Estratégica dos Ecossistemas de Inovação de Londrina e Maringá, percebemos que, ao juntar as duas cidades, conseguiríamos ficar entre os 10 maiores polos de tecnologia do Brasil, à frente de Campinas, Florianópolis e Porto Alegre. Ou seja, com potencial de alcançar visibilidade e um patamar de crescimento e desenvolvimento no mesmo nível de grandes centros”, informa.
Força política e visibilidade
O maringaense Erike Almeida empreende na área de TIC há 18 anos. Ele fundou o negócio na mesma época em que nascia a Software By Maringá, uma associação criada para organizar o setor e construir uma visão de longo prazo para que a cidade formasse e retivesse mão de obra qualificada e atraísse novos negócios. Ele lembra que, graças ao trabalho coletivo, que envolveu a busca por certificações e outras melhorias, as empresas da cidade e região passaram a expandir sua atuação para o Paraná e o Brasil. Como consequência, novos cursos de formação foram criados assim como empreendimentos na área, o que levou o setor a se tornar o terceiro maior em recolhimento de Imposto sobre Serviços (ISS) no município.
“A união de Maringá e Londrina faz com que a gente ganhe ainda mais força, chamaremos mais atenção política para buscar recursos e editais e, da mesma forma que antes buscamos abrir portas e sermos conhecidos no Brasil, agora, exploraremos esse espaço internacionalmente como polo de qualidade e inteligência em TI”, analisa.
De Londrina, o empresário e presidente da Associação Brasileira de Tecnologia, Inovação e Comunicação (Abratic), Ronaldo Couza, lembra que os dois municípios já trabalham juntos há bastante tempo dentro do setor de TIC, assim como em cooperação com outras cidades paranaenses. Na visão dele, a criação do Polo fortalecerá essas parcerias, trará visibilidade para a atração de novos negócios e investimentos e abrirá oportunidades para a exportação de tecnologias.
“Estamos sendo disruptivos e mostrando para o Paraná que duas cidades onde antigamente existia uma rivalidade superaram isso. Temos concorrência, sim, mas a parceria sobressai”, ressalta.
As informações sobre o Polo de TIC de Londrina e Maringá estão disponíveis no site: https://polotecnologia.com/. No endereço on-line, é possível baixar o Relatório Executivo do Polo de TIC.