Religião
Missa mensal em português no santuário de Schoenstatt na Alemanha divulga causa de beatificação de brasileiro
24 de jan de 2025 às 14:54
A partir deste mês de janeiro, será celebrada uma missa em português no santuário original de Schoenstatt, em Vallendar, Alemanha, todos os dias 27. O objetivo, segundo o Movimento Apostólica de Schoenstatt, é divulgar a causa de beatificação do servo de Deus João Luiz Pozzobon e preparar para o 75º aniversário da Campanha da Mãe Peregrina, que será celebrado em setembro.
As histórias do servo de Deus João Luiz Pozzobon e da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt estão ligadas. Foi Pozzobon que, em 1950, em Santa Maria (RS), deu início a esta campanha que atualmente está presente em diversos países.
“Essa missa mensal é muito significativa, porque ali é o coração no nosso carisma, da família de Schoenstatt, e o João Pozzobon sempre teve um vínculo espiritual muito importante com esse lugar”, que visitou em 1979, disse à ACI Digital o vice-postulador da causa de beatificação de João Luiz Pozzobon, padre Vitor Hugo Possetti, do Instituto dos Padres de Schoenstatt. “Ele tinha consciência de que a campanha era um enriquecimento para família de Schoenstatt”, tanto que “enviou para lá a milésima imagem peregrina” que foi produzida.
O padre Vitor disse que, como Pozzobon morreu em 27 de junho de 1985, “todos os dias 27 de cada mês, existe uma corrente em nível mundial de oração em gratidão pela vida dele” e “pedindo por sua beatificação”. Em alguns lugares são celebradas missas, em outros, rezam o terço. Agora, o santuário original se une a essa iniciativa com a missa, que será transmitida.
João Pozzobon e a Campanha da Mãe Peregrina
Segundo biografia publicada no site da Associação João Luiz Pozzobon, o servo de Deus nasceu em 12 de dezembro de 1904, em Ribeirão (RS), e desde pequeno foi educado na fé católica. Casou-se com Theresa Turcato, com quem teve dois filhos. Tempos depois, ela morreu de tuberculose. Aconselhado por um sacerdote, casou-se novamente com Vitoria Filipetto, com quem teve cinco filhos.
Pozzobon participava de um grupo de homens, no início do Movimento Apostólico de Schoenstatt, em Santa Maria, e recebia a formação schoenstattiana sob orientação do sacerdote palotino Celestino Trevisan.
No dia 10 de setembro de 1950, recebeu no santuário, a imagem da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, para com ela visitar as famílias.
O padre Vitor Hugo contou que naquela época, a Igreja vivia o “contexto dos preparativos para o dogma da Assunção de Nossa Senhora”, proclamou solenemente pelo papa Pio XII, em 1º de novembro de 1950. “Existia uma corrente na família de Schoenstatt de começar a fazer visitas às casas com uma imagem peregrina da Mãe Rainha, que ia passar nas casas para que fosse rezado o terço”. Pozzobon participou dessas visitas e foi escolhido para ser zelador da imagem, sem precisar rezar o terço todas as noites. Percebeu ali “um chamado divino” e decidiu rezar o terço todos as noites junto à Mãe Peregrina, visitando as casas.
“Quando acabou esse projeto em vista do dogma da Assunção, ele pediu para o Movimento de Schoenstatt se podia continuar com essa imagem peregrinando. E foi autorizado”, contou o vice-postulador. Inicialmente, Pozzobon chamou a iniciativa de Campanha do Terço e, mais tarde, foi denominada Campanha da Mãe Peregrina.
João Pozzobon exerceu o seu apostolado de levar a Mãe Peregrina às famílias todos os dias, por 35 anos, até a sua morte em 27 de junho de 1985. Ele percorreu com a imagem 140 mil km.
“Ele sempre teve a convicção de no fundo essa campanha partia do próprio santuário. Ele, como instrumento, se dizia o ‘burrinho de Maria’, levando a Mãe Rainha e a oração do terço para as famílias”, disse o sacerdote, ressaltando que a imagem carregava por Pozzobon sobre os ombros pesava 11 kg.
Com o tempo, a campanha foi se expandindo e Pozzobon passou a visitar também escolas, hospitais, presídios. Ele também construiu três capelas, onde “tinha catequese, oração do terço, quando ele conseguia um padre, tinha missa, confissão”. Também construiu “mais de 40 ermidas para ser um sinal da presença do santuário em lugares mais distantes, onde não havia paróquia”, onde as pessoas pudessem se reunir “para rezar o terço, para ter uma vida comunitária de oração”.
“Ele sempre dizia ‘a Mãe Rainha tem três capelinhas, a Mãe Rainha visita as escolas’, era sempre a Mãe, nunca dizia que era ele”, disse o padre Vitor.
Outra iniciativa de João Pozzobon foi a vila Nobre da Caridade, criada em 1954. “Eram 14 casas para as pessoas mais pobres, para as famílias, poderem morar. E ali ele dava atenção material, perfurou um poço, as famílias podiam morar, tinha horta nas casas, ele conseguia regularizar a documentação”. E dava atenção “espiritual, principalmente, então tinha as missas, os terços, as catequeses, legitimação de matrimônios, batizado”. “Ele falava que essas duas coisas tinham que caminhar junto, tanto atenção espiritual, quanto material, que a Mãe de Deus ali na Vila Nobre queria acolher os seus filhos espiritualmente e materialmente”, disse.
Em 1959, a campanha com a visita da imagem peregrina às famílias já estava bem difundida. “Muitas pessoas queriam receber a visita e somente o João não era suficiente para tanto, porque cresci cada vez mais”. Então, “surgiu a ideia das pequenas imagens peregrinas”, como é até hoje em dia. “São réplicas menores da imagem original da peregrina, para circular em torno de 30 famílias, e uma pessoa ficava responsável de cuidar dessa imagem, para que ela passasse de casa em casa por 30 famílias”. Também essa iniciativa cresceu rapidamente. “Na década de 1980, começaram pessoas de outros países a pedir, principalmente os argentinos e isso foi se expandindo por todo o mundo”, disse padre Vitor.
Atualmente, segundo o vice-postulador, a Campanha da Mãe Peregrina está presente em todos os continentes. O padre Vitor Hugo disse que o movimento “está justamente nessa busca de ter com mais clareza a quantidade” de países onde a campanha está presente, “mas até o último número, a gente tinha em torno a 100 países”.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Para João Pozzobon, todas essas iniciativas “eram a Campanha da Mãe Peregrina” e a base de tudo era a oração. “Ele mesmo diz que, no fundo, o grande mistério da vida, o grande segredo da vida dele, era uma vida profunda de oração. Ele tem uma frase, por exemplo, que fala assim: ‘Deus indicava, a Mãe dirigia, o Espírito iluminava, e o burrinho ia’”, contou o vice-postulador.
Processo de beatificação
João Luiz Pozzobon morreu atropelado por um caminhão quando atravessava uma avenida a caminho do santuário, em 27 de junho de 1985.
Em 12 de dezembro de 1994, o então bispo de Santa Maria, dom Ivo Lorscheider, iniciou o processo de beatificação de João Luiz Pozzobon.
Segundo o padre Vitor Hugo, “o processo já terminou a fase diocesana e chegou a Roma, lá avançou várias etapas”. “A etapa que a gente está agora é a seguinte, foi elaborado uma positio, que é um documento que sintetiza a vida do João Pozzobon, as virtudes heroicas dele e a sua fama de santidade. Esse documento foi concluído, foi impresso e foi entregue no dicastério” para a Causa dos Santos e aguarda “o exame dos consultores teólogos, que dão um parecer que depois passar pelos bispos e cardeais do dicastério, para então chegar ao papa, que é quem tem a autoridade para declará-lo venerável”, ao reconhecer suas virtudes heroicas.
O vice-postulador contou que também há “o processo de um possível milagre”. Dos muitos relatos de graças alcançadas que a gente recebe, alguns são reunidos para documentação e, desses, um deles foi feito toda a etapa diocesana, passando por peritos médicos etc., recolhendo prontuários e tudo mais, e já foi concluída a fase diocesana. E já foi enviado também a Roma”, disse.
O sacerdote destacou que a causa de beatificação “leva o nome ‘servo de Deus João Luiz Pozzobon, pai de família e diácono permanente”. “São os dois rostos que o Vaticano nos orientou”, disse.
Assine aqui a nossa newsletter diária
João Luiz Pozzobon foi ordenado diácono permanente em 30 de dezembro de 1972, pelo então bispo de Santa Maria, dom Érico Ferrari. Segundo o site da Associação João Luiz Pozzobon , ele disse sobre esse dia: “Minha ordenação foi como uma flor que se abriu, uma grande alegria que se estendeu a todos os amigos. Senti-me penetrado totalmente pelo espírito da Santa Igreja. Senti a união com um só coração. Foi um verdadeiro Cenáculo, junto à Mãe e Rainha. A hora do Espírito Santo”.
O padre Vitor Hugo lembrou que “existem diáconos que são santos desde o tempo dos mártires, como são Lourenço”, pois existem diáconos desde o começo da Igreja. “Mas depois, com o tempo, esse diaconato foi se perdendo e foi se transformando como um diaconato transitório”, que depois é ordenado padre. Depois do Concílio Vaticano II, foi restaurado o ministério do diaconato permanente, “para homens que não vão ser sacerdotes, para homens casados, por exemplo”. Segundo o vice-postulador, “nessa corrente dos diáconos permanente que foi restabelecida pelo Vaticano II”, João Luiz Pozzobon “seria o primeiro” beato.
O sacerdote destacou ainda que, na vida de Pozzobon, a Campanha da Mãe Peregrina, que começou com o nome de Campanha do Terço, “é um mistério super luminoso” que, com certeza se destaca aos olhos. Mas, disse, “quando a Igreja vai fazer o processo de beatificação, canonização, ela considera a pessoa como um todo”. Então, na documentação, “aparecem testemunhos, coisas sobre a vida dele como trabalhador, como pai de família, como diácono, como homem de oração”.
Pessoalmente, o vice-postulador disse que o que mais o surpreende em Pozzobon é que “a gente vai para olhar esse grande apóstolo e descobre um homem de mística, um homem de vida interior muito bonita”.
“Ele falava que a força dele estava em Deus e se sentia pequeno. Muitas vezes, ele assinava ‘o pobre peregrino’ ou ‘o pobre diácono’”, disse. “Tudo o que ele fazia, tanto na vida familiar, como diácono, como missionário da campanha, tudo ele fazia com muita convicção interior, por estar muito seguro em Deus”, completou.
75 anos da Campanha da Mãe Peregrina
A celebração do jubileu dos 75 anos da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt vai acontecer de 9 a 14 de setembro, em Santa Maria, com um encontro internacional, reunindo representantes de diversos países.
A programação do encontro será fechada para os inscritos, mas contará com atividades abertas a todos, como a missa em ação de graças pelos 75 anos da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, no dia 10 de setembro, às 19h30, no ginásio poliesportivo do Clube Recreativo Dores, seguida de procissão até o santuário Tabor. No dia 14 de setembro, todos poderão participar também da Romaria da Primavera, às 8h, com procissão do santuário Tabor ao santuário basílica Nossa Senhora Medianeira, onde será celebrada missa às 10h e renovação da coroação das imagens peregrinas.
Durante o encontro internacional também vai acontecer o Congresso Internacional João Luiz Pozzobon, nos dias 9 e 10 de setembro, com o lema “Nos passos do Peregrino: Sobre vida e obra do Diácono João Luiz Pozzobon”. O evento tem objetivo de divulgar o servo de Deus João Luiz Pozzobon e seu processo de beatificação, propor uma reflexão teológica sobre essa causa de beatificação e sua importância para a Igreja, analisar em perspectiva interdisciplinar os seus aspectos históricos e os impactos para a sociedade, congregar fiéis e estudiosos para aprofundar o conhecimento sobre a vida e missão de Pozzobon e seu legado, inspirando um maior compromisso com a evangelização e o chamado a santidade.