21 de jan de 2025 às 15:19

De 29 de janeiro a 2 de fevereiro acontece em Juazeiro do Norte (CE) a Romaria de Nossa Senhora das Candeias, a última do ciclo de romarias que acontecem na cidade entre julho e fevereiro. A programação conta com missas, atos litúrgicos e devocionais, atividades culturais e tem seu ponto alto na procissão luminosa nas ruas do centro da cidade, na noite do dia 2, partindo da Capela do Socorro em direção à basílica de Nossa Senhora das Dores.

A cidade de Juazeiro do Norte tem cinco ciclos de romarias no ano. A primeira delas é a Romaria da Morte de Padre Cícero Romão Batista, que acontece entre 17 e 20 de julho. A segunda é a Romaria de Nossa Senhora das Dores, padroeira da cidade, entre 1º e 15 de setembro. A terceira é a de Finados, de 29 de outubro a 2 de novembro. A quarta é o Ciclo Natalino, de 20 de dezembro a 6 de janeiro. E a quinta e última é a de Nossa Senhora das Candeias.

Segundo a prefeitura de Juazeiro do Norte, a origem da Romaria das Candeias é “profundamente ligada à história do padre Cícero”. Sem citar datas, relatos contam que certo dia um artesão da cidade foi procurar padre Cícero em busca de conselhos, porque passava por dificuldades financeiras. O sacerdote o aconselhou a produzir candeeiros.

O artesão seguiu os conselhos do padre, mas os candeeiros se acumulavam e ele não vendia nada. Retornou então para reclamar com o sacerdote, que o aconselhou a continuar fazendo os objetos.

Dias depois, padre Cícero organizou a grande procissão na festa de Nossa Senhora das Candeias e orientou os devotos a comparem um candeeiro. Com isso, todo estoque do artesão foi vendido.

Romaria das Candeias 2025

Neste ano, a Romaria das Candeias tem como lema “Maria, vida e doçura, esperança sois”. Segundo a basílica das Dores, a escolha faz referência à oração “Maria, valei-me”, uma “prática da piedade popular mariana que reflete a súplica dos cristãos que buscam a intercessão da Mãe de Deus”. A esperança também está presente no lema, por causa do Jubileu da Esperança convocado pelo papa Francisco para este ano de 2025.

“Nas romarias, pedimos a graça de olharmos para Deus com os mesmos olhos de Maria, a Mãe que fixou a confiança em Cristo, colocou-se a caminho e, com esperança, também se fez peregrina e romeira do Reino”, disse o reitor da basílica de Nossa Senhora das Dores, padre Cícero José da Silva.

De 29 de janeiro a 1º de fevereiro, na basílica de Nossa Senhora das Dores, serão celebradas missas às 6h, 9h, 16h e 19h; haverá o ofício da Imaculada Conceição, às 5h; às 12h, terá a coroa das dores, o canto do “Maria, valei-me”, a bênção do Santíssimo Sacramento e dos objetos de devoção; às 14h, terço da misericórdia; às 15h, encontro com os romeiros; às 17h30, leitura das intenções; às 18h30, momento mariano; e às 20h30, show. Também nesses dias, na capela do Socorro, haverá missas às 7h, 10h, 15h e 17h e o ofício da Imaculada Conceição às 6h.

No dia 2 de fevereiro, festa de Nossa Senhora das Candeias, na basílica haverá o ofício da Imaculada Conceição às 4h; missas às 5h, 7h e 9h; bênção dos chapéus e despedida dos romeiros às 12h; bênção do Santíssimo Sacramento às 19h. Na capela do Socorro, serão celebradas missas às 7h, 10h, 15h e 17h e, às 18h, terá a bênção das velas e saída da procissão luminosa.

Nossa Senhora das Candeias

A festa de Nossa Senhora das Candeias é celebrada em 2 de fevereiro e coincide com a celebração da Apresentação do Senhor e da Purificação da Virgem Maria.

O Evangelho de são Lucas (2, 22-32) narra: “Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor: ‘Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor’ (Ex 13,2); e para oferecerem o sacrifício prescrito pela Lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos. Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Esse homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor. Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da Lei, tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos: ‘Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa salvação que preparastes diante de todos os povos, como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel’”.

Essa festa também é chamada de festa das luzes, pois Jesus é a “luz” que veio “iluminar as nações”.

Nossa Senhora das Candeias é também conhecida como Nossa Senhora da Candelária, Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora da Purificação.

A devoção à Virgem da Candelária tem sua origem em Tenerife, Ilhas Canárias, onde pastores nativos guanche encontram uma imagem de Nossa Senhora, por volta de 1400, antes da conquista espanhola. Um dos pastores tentou acertá-la com uma pedra, mas seu braço ficou paralisado. O outro tentou esfaqueá-la, mas acabou se esfaqueando. Eles avisaram ao rei local e depois voltaram ao local, com reverência e temor, e levaram a imagem para Cueva de Chinguaro, onde ficava o rei.

Com a chegada dos cristãos à ilha, a imagem foi levada para Cueva de Achbinico, onde hoje é a cidade de Candelária. Lá foi construído o primeiro santuário dedicado à Virgem, que ficou pronto em 1672, mas foi destruído em um incêndio em 1789.

Em 1826, a imagem foi perdida em uma inundação. A devoção à Nossa Senhora da Candelária, porém, se manteve e, um ano depois, outra imagem foi esculpida. É a mesma imagem que atualmente está na basílica da Candelária, construída entre 1949 e 1959

Em Portugal, a devoção começou a ser venerada no século XV, quando o devoto Pedro Martins encontrou uma imagem de Nossa Senhora iluminada por uma estranha luz no sítio Carnide, em Lisboa. No local, foi construído um convento e uma igreja dedicados à Virgem das Candeias.

A devoção a Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Candelária, chegou ao Brasil trazida pelos colonizadores portugueses e se espalhou pelo país.

Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.