Religião

Uma via de liberalização do aborto, diz bispo português sobre projetos que ampliam prazo para aborto no país

Uma via de liberalização do aborto, diz bispo português sobre projetos que ampliam prazo para aborto no país
Publicado em 09/01/2025 às 11:57

“O que está em causa não é somente autorizar a mulher a interromper a gravidez até às dez, doze ou quatorze semanas de gravidez. Trata-se de percorrer a via da liberalização do aborto, na qual o Estado se compromete a assegurar os meios para eliminar a vida humana nascente… sem crime, sem problemas de consciência, sem despesas”, disse o bispo de Bragança-Miranda, dom Nuno Almeida, presidente da Comissão Episcopal Laicado e Família, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), sobre propostas que querem aumentar o prazo para a realização de aborto em Portugal.

O aborto é legalizado em Portugal até a décima semana de gestação, desde 2007. Amanhã (10), serão debatidos na Assembleia da República projetos apresentados pelo Partido Socialista (PS), Partido Comunista Português (PCP), Bloco de Esquerda (BE), Livre e Pessoas–Animais–Natureza (PAN) que pretendem aumentar o prazo para 12 ou 14 semanas, além de retirar a obrigatoriedade dos três dias de reflexão e regulamentar a objeção de consciência.

Em uma nota divulgada pela Agência Ecclesia, da CEP, dom Nuno fez um apelo aos deputados a “uma mudança de direção”. Ele disse que é preciso “respeitar” quem admite a despenalização do aborto, mas não pode dizer o mesmo sobre a “moralidade da ação de abortar, ou da reivindicação do aborto como um direito”. Segundo ele, o pensamento cristão, “e boa parte do pensamento humanista, está de acordo com esta distinção”.

Para dom Nuno, “há algumas razões válidas para não penalizar a mulher que, por motivos diversos, pede e se submete ao aborto”. Mas, ressaltou, “isso não quer dizer” que “o direito ao aborto deva estar incluído nas garantias constitucionais, nem mesmo nos direitos sociais”.

“Despenaliza-se para resolver um conflito e não para garantir uma liberdade”, disse o bispo.

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Dom Nuno considerou que “não se pode discutir a questão do aborto simplesmente como uma questão biológica, legal ou de saúde”. “Independentemente das convicções e dos valores que configuram a sua vida, nenhuma mulher chega ao aborto, sem um protesto da sua consciência, pois a recusa de tal ato está inscrita no íntimo de cada um, no inconsciente”, disse.

Depois da fecundação, disse o bispo, o que a mulher leva em seu seio “não é simplesmente um conjunto de células”, mas um ser humano “a crescer velozmente e são impossíveis ‘absolvições’ ou ‘justificações psicológicas’” para o aborto.

Outras instituições também já se manifestaram contra os projetos que querem ampliar o prazo para o aborto em Portugal e regular a objeção de consciência. A Associação dos Juristas Católicos disse que “o que há a fazer com urgência e determinação não é impedir que nasçam crianças promovendo o aborto, é remover os obstáculos que hoje tanto dificultam a maternidade e a paternidade”.

Para a Federação Portuguesa pela Vida, em vez de políticas que ampliam o aborto, é preciso reforçar as “políticas de apoio às mães em dificuldade”, com apoios financeiros, programas de acolhimento e agilização de processos de adoção.

Em outubro de 2024, a Associação dos Médicos Católicos Portugueses já tinha alertado sobre esses projetos de lei. Para a associação, a proposta de aumento do prazo para o aborto “é arbitrária, sem qualquer justificação científica e contrária à vontade dos portugueses expressa em referendo, ainda que de forma não vinculativa, em 2007”.

ITARARÉ