Religião

Universidade Católica do Peru suspende festival de teatro por blasfêmia contra a Virgem Maria

Universidade Católica do Peru suspende festival de teatro por blasfêmia contra a Virgem Maria
Publicado em 18/01/2025 às 2:35

A Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP) suspendeu a apresentação da peça “María Maricón” depois de uma onda de protestos e críticas por seu conteúdo ofensivo à fé católica devido ao uso da imagem de Nossa Senhora de forma blasfema.

Segundo a sinopse oficial, trata-se de uma “obra performática testemunhal que explora o conflito entre religião e gênero através da desconstrução de diferentes virgens e santos católicos”. O pôster da peça mostra o personagem principal, um homem vestindo uma roupa transparente que faz alusão à imagem do Imaculado Coração de Nossa Senhora.

Os trabalhos, programados para os dias 30 e 31 de janeiro no âmbito do “Festival Saindo da Caixa”, geraram forte reação da Conferência Episcopal Peruana (CEP), que expressou indignação e repúdio.

A PUCP anunciou na terça-feira (14) que o evento foi cancelado. A universidade pediu desculpas à comunidade e à opinião pública pelo “uso indevido de símbolos religiosos” e falou sobre “os princípios católicos” que regem a instituição.

A decisão foi tomada depois da CEP divulgar um comunicado lamentando que a Faculdade de Artes Cênicas da PUCP tenha apoiado uma obra cuja publicidade, título e conteúdo instrumentalizam a imagem do Imaculado Coração de Nossa Senhora.

O comunicado da CEP “lamenta profundamente” que a Faculdade de Artes Cênicas da PUCP e a FARES “apoiem e patrocinem uma obra teatral”, tendo em conta que a sua “publicidade, título e conteúdo instrumentalizam e aludem à imagem do Imaculado Coração de Nossa Senhora, de forma humilhante que ofende a fé católica e vai contra a natureza de uma comunidade universitária definida em seus estatutos como católica e que tem título pontifício”.

O texto também pede às autoridades educacionais e religiosas da PUCP que tomem as “medidas corretivas necessárias” diante do que descrevem como um “caso lamentável”, e pede “desculpas ao povo peruano, que ama e venera a Virgem Maria”.

“A devoção mariana é intrínseca à fé em Cristo, que é o nosso bem comum”, e que Maria, “aclamada em 381 d.C., a Theotokos, a Mãe de Deus, é também a Mãe da Igreja e Mãe nossa”, diz a CEP.

Embora a conferência episcopal também defenda a liberdade de expressão na declaração, ela diz “que não é um direito absoluto e tem limites, especialmente quando entra em conflito com outros direitos, como a liberdade religiosa, a fé e a devoção do povo peruano”.

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Esses limites, diz a CEP, são ainda mais rigorosos já que “a PUCP é uma universidade católica e pontifícia, que tem por finalidade transmitir valores cristãos e está sujeita às doutrinas e ao magistério pontifícios”.

O arcebispo de Lima, dom Carlos cardeal Castillo, grão-chanceler da PUCP, também se manifestou sobre a polêmica, ao expressar sua “indignação e repúdio” a essa obra.

O arcebispo disse que o trabalho incluía “elementos agressivos e desrespeitosos contra a fé do nosso povo” e que a promoção do evento foi igualmente “prejudicial para a nossa fé cristã”.

“Há pessoas ou grupos que, tendo que representá-la fielmente aos seus propósitos, permitem-se fazer ações contrárias ao espírito fundador e atual da nossa universidade” disse dom Castillo.

O cardeal Castillo concluiu sua mensagem ao exortar a universidade a reafirmar seu compromisso com seus valores fundadores e evitar comportamentos que incentivem a “superficialidade, a leveza e a indiferença”.

O arcebispo exortou também a PUCP a respeitar o seu estatuto e a adotar uma atitude de “pedir desculpa e retificar”.

“A PUCP sempre se destacou pela sensibilidade, compromisso com as vítimas e sua esperança e fé”, disse o cardeal.

A polêmica também causou reações do governo peruano, com o Ministério da Cultura anunciando que avaliaria medidas corretivas para proteger o direito fundamental à liberdade religiosa “e a proteção das festividades religiosas consideradas patrimônio imaterial que fazem parte do Patrimônio Cultural da Nação”.

A Câmara Municipal de San Isidro, onde fica o Centro Cultural PUCP, já havia exigido anteriormente a retirada imediata da publicidade da obra, pois “representa uma clara ofensa aos sentimentos da comunidade católica do nosso distrito e do país em geral” .

A Câmara de San Isidro diz que a obra constitui “uma clara falta de reconhecimento e respeito pelo direito que as pessoas têm de salvaguardar a integridade da sua fé religiosa, que é garantida pela Constituição Política do Peru”.

ITARARÉ